sábado, janeiro 13, 2007

CABIDES DA ALMA

Foto: reprodução

Sabe quando os estudiosos da moda dizem que as roupas são os cabides de nossa alma? A princípio soa como algo estranho e esquisito. Vivenciar algo assim é comum na vida de todos nós por mais alheio que isto nos pareça. Inspirado com o ano novo com tudo novo (vida, propostas, sentimentos, caras, tipos e roupas) decidi dar uma limpeza geral no guarda-roupa. Coloquei-o de mãos ao alto; ou melhor, de portas abertas para botar para fora tudo que estava ali e que não via o calor do meu corpo, a brisa do vento, a luz da lua e o por do sol.
Num dia assim, é bom que ninguém me veja; ou melhor, que ninguém entre no meu quarto pois a coisa vira um mangue e a poeira sobe. Ao som de Madonna fui às descobertas mais íntimas e obscuras que nem eu sabia sobre mim mesmo. E que situação a gente fica...
Querendo ou não, vivo um pouco de minhas lembranças e, assim, como na natural evolução social, na política, nos avanços tecnológicos, a roupa também faz a sua história junto comigo que a vestiu e viveu intensamente com ela. A roupa revela a minha verdadeira identidade: Quem sou? O que sou? O que eu era há um tempo atrás? O que eu pensava? Como eu agia?
Pegar aquela camiseta listrada foi o fim... Ah, mas todo mundo erra um dia e quem nunca errou que atire a primeira pedra. Isto sem falar naquela calça meio manchada. Montes no canto do quarto foram se formando e as melhores peças serviriam para alguém que precisa mais do que eu e que não tem o que vestir. As roupas do monte terão novos destinos, novos donos e farão novas histórias. Hora de doar porque é sempre bom.
Mas a melhor sensação é ver através de minhas roupas que eu não sou mais o mesmo. Pelo menos mudei, evoluí e cresci. Pior seria eu constatar que nada disso aconteceu e que eu continuava o mesmo careta de 10 anos atrás.
E os outros? Há pessoas que param no tempo e não abrem mão de uma das fases de sua vida. Essas pessoas se tornam prisioneiras dessa fase em que elas elegeram como sendo a melhor de sua vida e não querem deixá-las, revelando-a, assim, em sua vestimenta. Uma mulher com seus 20 e poucos anos até hoje não deixou sua infância através dos mimos do vestuário infantil. Provavelmente essa deve ter sido sua melhor fase, o seu auge, como diria um professor de consultoria de imagem. Outra quarentona insiste em se vestir como se fosse uma adolescente. Assim como na vida, temos que evoluir e nossas roupas também. Temos de mudar de fase, como num jogo de vídeo-game.
No fim dessa guerra, livrar-se do que não se usa mais, do que não lhe cai bem não é fácil, mas é possível. No fim, surge aquele alívio de missão cumprida. Assim como o guarda-roupa estou mais leve. Minha alma está mais leve. Será mesmo que as roupas são os cabides de nossa alma? Bom, não sei. Só sei que novas roupas virão e com elas novas histórias surgirão. Limpe você também sua alma, esvazie o seu guarda-roupa, exclua da sua vida o que você não usa mais. Você se sentirá bem melhor. E como!
Aqui todos os olhares são para você!



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